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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

ENFERMEIRO EMPREENDEDOR: uma nova competência para ampliar o mundo do trabalho

Revista Aretê Saúde Humana,  Ano 4, Vol.4, Out/Nov/Dez 2016, Série 27/12, p.19
ENFERMEIRO EMPREENDENDEDOR: 
Uma nova competência para ampliar o mundo do trabalho.

Vanessa Vieria Hornink
Arthur Bittes Jr
_________________________________________________________________________
HORNINK, V.V.; BITTES JR, A. Aretê Saúde Humana [Blog] ENFERMEIRO EMPREENDENDOR: uma nova competência para ampliar o mundo do trabalho.Faculdade de Enfermagem Oswaldo Cruz (FEOC). 2017 São Paulo, Dez 2016. Disponível em
<https://aretesaudehumana.blogspot.com/2016/12/enfermeiro-empreendedor-uma-nova.html>



RESUMO

O presente estudo versa sobre empreendedorismo na Enfermagem e teve como objetivos investigar os tipos negócios empreendidos por Enfermeiros e verificar condições favoráveis e/ou desfavoráveis para se estabelecer o negócio. A metodologia adotada foi, descritivo e exploratório de abordagem quantitativa. A população da pesquisa foi composta de empreendedores enfermeiros que atuam com negócios na região metropolitana de São Paulo., os dados foram coletados por meio de formulário contendo 23 questões divididas em: dados pessoais; profissionais; questões específicas sobre empreendedorismo e dificuldades ou facilidades para iniciar um negócio, encaminhado por um aplicativo eletrônico disponível no Google Drive®. Os dados foram coletados após a autorização do comitê de ética em pesquisa registrada sob o nº 1.759.83. Os dados foram tabulados utilizando-se de planilhas disponíveis no software Excell e pelo próprio serviço de tabulação de dados disponibilizado no Google Drive®. A análise de dados foi realizada por método estatístico simples, expressos em números inteiros e percentuais em relação ao (N) de pesquisa e apresentados em forma de quadros e discutidas teoricamente. Nos resultados identificou-se que os tipos de negócios empreendidos por enfermeiros são serviço e comércio, as condições favoráveis são: Capacidade de assumir riscos, ter iniciativa e assumir a responsabilidade pelos próprios atos; Capacidade prospectiva para detectar oportunidades de negócios e tendências futuras; Motivação para realizar empreendimentos novos; Autoconfiança: estar seguro das próprias ideias e decisões e Persistência. Condições desfavoráveis são: Custo alto de taxas e imposto; Falta de controles de custos e de gestão financeira; Falta de experiência empresarial anterior; Fatores externos e burocracia. Conclui-se que o ramo de atividades mais empreendidos por enfermeiros são serviços seguido de comércio de produtos. As condições que favorecem e desfavorecem o empreendedorismo são várias, porém é uma ação que garante colocação profissional, lucratividade e desenvolvimento da carreira, precisando ser ainda mais aprimorada e adotada pelo profissional de Enfermagem, começando pela Estrutura curricular da graduação.

Palavras Chaves: Enfermagem. Empreendedorismo. Empreendedorismo na Enfermagem

1. INTRODUÇÃO

1.1 ENFERMAGEM - BREVE HISTÓRICO

    Sabe-se que o mundo do trabalho anda com grandes e constantes exigências para que o profissional tenha uma boa qualificação e desempenho no ambiente profissional e para os profissionais da Enfermagem não seria diferente. A Enfermagem é conceituada como ciência do cuidar, sendo uma atividade que existe desde os primórdios da humanidade e é influenciada por circunstâncias socioculturais, características de cada lugar e momento da história.

    A institucionalização da Enfermagem como profissão foi desencadeada pelo trabalho de Florence Nightingale, considerada a precursora da Enfermagem Moderna. Nightingale revolucionou os cuidados para com o ser humano, focando sua ação na organização administrativa dos serviços de saúde e na humanização do cuidado. Sua família considerava a Enfermagem uma atividade inapropriada para uma dama, o que não a impediu de iniciar seus estudos aos 31 anos de idade, em um curso de treinamento na Alemanha. Ao longo da Guerra da Criméia (1853 a 1856), Florence Nightingale reduziu a taxa de mortalidade dos soldados britânicos de 40% para 2%, direcionando as ações de enfermeiras ainda não profissionais para o cuidado com a limpeza do ambiente e do paciente, ar fresco, boa iluminação, calor adequado, boa nutrição e repouso, visando a cura. As primeiras escolas de treinamento que foram fundadas pela mesma, eram cursos de 1 ano, e com o tempo, passaram a ser de 2 anos. Florence também deu origem às prescrições médicas por escrito e exigia que suas enfermeiras acompanhassem os médicos em suas visitas aos pacientes, para que possíveis erros fossem evitados, devido às diretivas mal compreendidas e instruções esquecidas ou ignoradas (COREN, 2015).


1.2 EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM

    No Brasil, o exercício da Enfermagem é regulamentado e seus profissionais têm suas atribuições especificadas no Decreto nº 7.498/86, de 25 de junho de 1986, com base em conhecimentos científicos e técnicos próprios, construídos e reproduzidos por um conjunto de práticas sociais, éticas e políticas que se processa pelo ensino, pesquisa e assistência. O Profissional de Enfermagem atua na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e em concordância com os preceitos éticos e legais (COFEN, 2016).

1.3 PERFIL E TRAJETÓRIAS 

     O Perfil da Enfermagem no Brasil apresenta as características da profissão com base nos seguintes aspectos: identificação socioeconômica; formação profissional; acesso à informação técnico-científica; mercado de trabalho; satisfação no trabalho e relacionamento; e participação sociopolítica (FIOCRUZ, 2015).

    Atualmente existem 1.863.492 profissionais de Enfermagem inscritos no COFEN, dos quais 435.550 são Enfermeiros, sendo que em São Paulo existem 469.661 profissionais de Enfermagem e 112.206 são Enfermeiros (COFEN, 2016).

     Com a maior popularização do acesso ao ensino superior, houve uma expansão dos cursos que ainda estão crescendo e disponibilizando profissionais no mercado. No entanto, esse aumento não tem sido acompanhado pela qualidade dos profissionais formados, pois o grande desafio na formação do enfermeiro é transpor o que é determinado pelas Diretrizes Curriculares ao formar profissionais que superem o domínio teórico-prático exigido pelo mercado de trabalho (SILVA; SENA; TAVARES, 2012).

     O progresso da Enfermagem vem sendo expressivo, pois busca prestígio na área do saber cientifico e reconhecimento, sem deixar de lado o aspecto humanitário. O campo de trabalho aumenta cada vez mais, indo da orientação nas escolas e postos de saúde aos estudos nas diversas especificidades do cuidado (KLETEMBERG; SIQUEIRA, 2003). Sendo assim, as mudanças na formação dos profissionais da área de saúde tornam-se essenciais e devem atingir relações, estruturas e, até mesmo, o modo de funcionamento das universidades de qualidade (DIAS; GUARIENTE; BELEI, 2004).

     Portanto, as necessidades do mundo do trabalho têm influenciado a criação de escolas e a orientação da formação do enfermeiro no Brasil. Os dados sobre o número de matrículas em cursos de Graduação em Enfermagem no Brasil, indicam que o número quase dobrou em quatro anos, passando de 120.851 em 2004 a 224.330 em 2008. Mesmo assim, o mercado de trabalho em saúde ainda enfrenta problemas particulares e desequilíbrios em sua força de trabalho, que afetam de forma diferente as regiões do Brasil (SILVA; SENA; TAVARES, 2012).

     Durante a graduação, é relevante reconhecer a motivação dos estudantes que ingressam em um curso de Enfermagem, pois para que eles consigam terminar o curso, é necessário que estejam preparados para superar as dificuldades que enfrentarão neste período (SOUZA; PAIANO, 2011).








   






 
   A opinião dos egressos possibilita a visualização das transformações que ocorrem no aluno, influenciadas pelo currículo. Portanto, no seu cotidiano de trabalho, situações complexas que o levam a confrontar as competências desenvolvidas, durante o curso, como as requeridas no exercício profissional, levam o graduando a avaliar a adequação da estrutura pedagógica do curso que foi vivenciado e os aspectos que intervém do processo na formação acadêmica (COLENCI; BERTI, 2012).

   Frente a essas novas propostas, em relação ao trabalho do Enfermeiro (a) e as dificuldades e facilidades encontradas no primeiro emprego, é necessário, assim, ampliar o conhecimento acerca da inserção das novas e possíveis relações de trabalho pertinentes à este profissional.

     Portanto, sabendo de todo o contexto da história da saúde no Brasil e as exigências para a qualificação e um profissional de Enfermagem para se inserir no mundo do trabalho, o presente estudo direciona o foco ao Enfermeiro empreendedor, um novo personagem no mundo do trabalho e que possivelmente, enfrenta dificuldades para encaixar seu negócio no mercado, além de questionar quais seriam suas habilidades, competências e inovações como um empreendedor.
     
1.4 PERFIL EMPREENDEDOR

     Empreendedor é a pessoa que tem a ideia de um produto ou serviço e estabelece uma ação para que essa se torne uma oportunidade de um negócio lucrativo, assumindo os riscos legais e financeiros. Da mesma maneira, "empreendedor", em sua ascendência inglesa, entrepreneurship, indica posição, grau, relação, estado, qualidade, habilidade, enquanto que na tradução alemã, expressa quem possui ou dirige um negócio o unternehmer, que, em inglês, expressa alguém que é "proprietário-gerente" (COSTA et al. 2013).

     A cultura empreendedora deve ser estimulada desde a formação universitária em Enfermagem, auxiliando na construção de um pensamento inovador, que fica distante do fazer mecanizado, na forma de um pensamento ampliado do conceito de cuidado e saúde, onde novos campos de atuação podem ser explorados e criados, proporcionando novas maneiras de intervenção social (BACKES; ERDMANN, 2009).

     Todo empreendedor deve se dedicar ao seu negócio com tempo e envolvimento pessoal. Um negócio é tocado com inspiração, mas também com muita transpiração. Assim os aspectos que marcam uma boa personalidade para negócios são assim listador pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE 2015):

 Criatividade: aceitar desafios e buscar soluções viáveis para solucionar problemas;
 Liderança: inspirar confiança, motivar, delegar responsabilidades, formar equipe, criar um clima de moral elevado, saber compartilhar ideias, ouvir, aceitar opiniões, elogiar e criticar pessoas;
 Perseverança: manter-se firme em seus propósitos sem deixar de enxergar os limites de sua possibilidade, buscando metas viáveis até mesmo em situações adversas;
 Flexibilidade: Controlar seus impulsos para ajustar-se quando a situação demandar mudanças, estar aberto para estudar e aprender sempre;
 Vontade de trabalhar: dedicar-se plenamente e de forma entusiasmada ao seu negócio;
 Automotivação: encontrar a realização pessoal no trabalho e seus resultados;
 Formação permanente: Buscar constantemente informações sobre o mercado e atualização profissional sobre novas técnicas gerenciais;
 Organização: compreender as relações internas para ordenar o processo produtivo e administrativo de forma lógica e racional, entender as alterações ocorridas no meio ambiente externo de forma a estruturar a empresa para melhor lidar com essas mudanças;
 Senso crítico: antecipar-se aos problemas principais, analisando-os friamente (SEBRAE, 2015)

1.5 EMPREENDEDORISMO NA ENFERMAGEM

     Atualmente, a área de atuação dos profissionais de Enfermagem vai muito além do atendimento direto nos hospitais, clínicas e centros de saúde, pois esses tomaram para si muitas funções com responsabilidades relacionadas à gestão hospitalar (controle de materiais, o gerenciamento de leitos, a supervisão da higienização e dos recursos humanos). Essa atuação profissional tão ampla, que permeia todas as áreas da atenção à saúde, faz com que o enfermeiro tenha uma visão privilegiada das carências e oportunidades existentes no setor. Com isso, muitos dos profissionais, acabam abrindo seu próprio negócio e sendo empreendedores (COREN, 2015). 

  Existem três tipos de empreendedores. O corporativo (intra-empreendedor ou empreendedor interno), o start-up (que cria novos negócios/empresas) e o empreendedor social (que cria empreendimentos com missão social), são pessoas que tem um possível destaque onde quer que trabalhem (PESSOA, 2005).

   O empreendedorismo em geral, busca inovações e oportunidades de negócio, contribuindo com ações positivas para a Enfermagem, aparecendo aos poucos em um mundo de muitas direções e espaços no mercado de trabalho.

     Sabe-se que o empreendedorismo e a Enfermagem não se restringem apenas ao saber teórico, é também preciso conhecer as necessidades especificas do mercado. Assim, existe a dificuldade em encontrar profissionais com características empreendedoras, com um conhecimento cientifico e capazes de inovar.

     Ser empreendedor significa ser um realizador que produz novas ideias através da criatividade e imaginação, com motivação pela realização própria e pelo desejo de ser independente (SEBRAE, 2015).

      O Enfermeiro que vai ingressar no mundo do trabalho precisa mostrar que dispõe de senso de oportunidade, estar atento ao que acontece à sua volta, e buscar novas oportunidades, ser capaz de aproveitar situações incomuns em sua prática e que possibilitem iniciar atividades diferenciadas. Esses futuros enfermeiros dispõem de senso de oportunidade, na medida em que se mostram atentos ao que acontece à sua volta, a partir disto, conseguem identificar melhor as necessidades das pessoas e da comunidade, sendo capazes de aproveitar situações incomuns para agir proativamente. (FERREIRA et al, 2013).


     Em 1996, portanto, há 20 anos, a Associação Canadense de Enfermagem já tratava da tendência de Enfermeiros desenvolverem negócios. À época o jornal da associação já considerava uma tendência a formulação de negócios por parte de enfermeiras que ofereciam serviços diversos como educação em saúde, atendimento domiciliário particular ou por meio de seguros de saúde, além de consultoria e auditoria de serviços de saúde. Relatam ainda que estes profissionais criaram produtos como dispositivos médicos, sistemas informatizados, ou produtos de saúde para uso em domicílio (NURSING NOW, 1996). Ainda segundo a citação acima, o número de Enfermeiros no Canadá que escolhem estabelecer os seus próprios negócios vem aumentado progressivamente, impulsionado pela necessidade acelerada de empreender em razão das mudanças sociais e econômicas advindas da precarização dos serviços públicos de saúde e aumento da rede privada. Em geral, os negócios de enfermeiros versam sobre uma maior ênfase na promoção da saúde, prevenção da doença, reabilitação e apoio, pois há uma carga de consumidores maior a procura desses serviços, principalmente acarretada pelo envelhecimento populacional naquele país.


     Segundo pesquisa feita pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (CNI), estimou-se que 0,5 e 1% de enfermeiros registrados no mundo, exercem funções empresariais em seu trabalho. Os números reais dentro dos países individuais variam muito e estão representados por enfermeiros, parteiras que são trabalhadores por conta própria, ou empresas relacionadas a própria Enfermagem. Estimam-se que a taxa de negócios empreendidos por enfermeiros ainda é muito baixa, sendo cerca de 0,1% na Nova Zelândia, 0,18% nos Estados Unidos e 18% no Reino Unido. No entanto, parece mais comum para as parteiras serem trabalhadoras por “conta própria” com estimativas de 50% na Nova Zelândia e 64% nos Países Baixos (WILSON; WHITAKER; WHITFORD, 2012).

     No Brasil, a base do empreendedorismo na Enfermagem é o atendimento domiciliar, consultorias e auditorias, mostrando avanços em relação a algumas modalidades que permitem ao enfermeiro uma atuação autônoma. Como por exemplo, os Serviço de Atendimento Domiciliar ou “Home Care” que vêm ganhando espaço no mercado, fugindo das atuações comuns do profissional de Enfermagem (GONÇALVES; PIANCÓ; ALMEIDA,2015).






 

   O empreendedorismo social surgiu como um processo alternativo dinâmico e estratégico, dotado de mecanismos mutáveis capazes de tornar sustentáveis os produtos, serviços, organizações e, principalmente, a gestão de pessoas. Assim o mesmo faz emergir propostas práticas de resolução dos problemas sociais, criando estratégias de inserção social, projetos sociais inovadores e ações empreendedoras autossustentáveis (BACKES; ERDMANN; BÜSCHER, 2010)

     O interesse pelo empreendedorismo na Enfermagem, motivado desta pesquisa e para tanto traçamos os objetivos a seguir no próximo capítulo.


2. OBJETIVO


2.1 OBJETIVO PRINCIPAL
 Investigar os tipos negócios empreendidos por Enfermeiros.

2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS
 Verificar condições favoráveis e/ou desfavoráveis para se estabelecer o negócio


3. MÉTODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Descritivo e exploratório de abordagem quantitativa.

3.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO

    Os sujeitos da pesquisa são empreendedores Enfermeiros que atuam com negócios na região metropolitana de São Paulo. A amostra atende ao critério de inclusão: Empreendedores; negócios empreendidos por enfermeiros com cadastro na Junta Comercial que é o órgão responsável pelo registro, fé pública e publicidade dos documentos arquivados pelos empresários, sociedades empresárias e sociedades cooperativas no Estado.

   Inicialmente fez-se uma pesquisa eletrônica no site oficial da JUCESP (Junta Comercial do Estado de São Paulo), no local de serviços online, foi colocada a palavra chave “Enfermagem” no campo de pesquisas para obter acesso aos dados desejados, ou seja, uma lista de empresas onde os sócios fossem enfermeiros. 

   Obteve-se 341 empresas cadastradas no Estado de São Paulo. Para selecionar as empresas as quais seriam convidadas a participar do estudo utilizou-se como critério de inclusão: estar localizadas na região metropolitana de São Paulo e apresentar no cadastro ou no site da empresa, um contato para que o formulário fosse encaminhado por e-mail. Em posse da lista de empresas, fez-se contato por meio de correio eletrônico, convidando o profissional a participar da pesquisa acessando um link que o direcionava ao questionário de pesquisa (apêndice I) e termo de consentimento livre e esclarecido TCLE (apêndice II).

3.3 ÉTICA DA PESQUISA

   O projeto da pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Municipal de São Caetano do Sul e aprovado conforme número 1.759.83 (Apêndice III). Seguindo os princípios da pesquisa, os dados foram coletados por meio de formulário (Apêndice I) , conduzido por um instrumento que contou com questões referentes a caracterização da amostra e abertas para atender ao objetivo do estudo. As transcrições realizadas e os TCLE (Apêndice II) serão guardados no período de 5 anos em lugar seguro e que garanta sigilo das informações. A identidade dos participantes, bem como seus endereços de contato foi mantida em sigilo e não são relevantes para os resultados do estudo. O risco mínimo está relacionado à possibilidade de constrangimento ao responder o questionário; desconforto; estresse; quebra de sigilo; dano; cansaço ao responder às perguntas; e quebra de anonimato.

3.4 COLETA DE DADOS

   Foi utilizado para esta fase um aplicativo eletrônico disponível no Google Drive® que é um serviço que permite a criação de arquivos e armazenamento online. 

   De Godoy Enz e col (2013) define que dentre suas ferramentas mais interessantes está a que permite a criação de formulários e a manipulação dos resultados provenientes dos mesmos. Esse recurso permite a inserção de diversos tipos de questão (abertas, múltipla escolha, caixas de seleção, escala, grade, data, horário, entre outras), o que possibilita uma diversidade de possibilidades de aplicação, desde formulários de inscrição, por exemplo, até questionários de levantamento com viés mais estatístico. Uma vez coletados os dados, o Google Drive® permite que os mesmos sejam salvos em uma planilha, além de oferecer a possibilidade de geração automática de gráficos com o resumo das respostas.  

   O instrumento de coleta de dados contém 23 questões divididas em: dados pessoais; profissionais; questões específicas sobre empreendedorismo e dificuldades ou facilidades para iniciar um negócio.Para a coleta de dados foi utilizada a amostra não probabilística, aplicando-se a técnica “Bola de Neve”). Segundo Baldin; Munhoz, (2011), apud Alburquerque, (2009), a vantagem dos métodos que utilizam cadeias de referência é que em redes sociais complexas, como uma população oculta, por exemplo, é mais fácil um membro da população conhecer outro membro do que os pesquisadores identificarem os mesmos, o que se constitui em fator de relevância para as pesquisas que pretendem se aproximar de situações empreendedoras como no caso desse estudo. Foram enviados 41 formulários, sendo que somente 7 retornaram, o retorno ocorreu em média de sete a dez dias. Diante de uma gama de empresas encontradas, a dificuldade foi encontrar algum tipo de contato para envio do formulário, tendo em vista que grande parte não respondeu ao convite.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

   Os dados foram tabulados utilizando-se de planilhas disponíveis no software Excell e pelo próprio serviço de tabulação de dados disponibilizado no Google Drive®.

   A análise de dados foi realizada por método estatístico simples, expressos em números inteiros e percentuais em relação ao (N) de pesquisa.

   Os resultados são apresentados no capítulo a seguir, em quadros seguidos de discussão teórica.

 4.0 RESULTADOS

Tabela 1: Perfil dos entrevistados. São Paulo, 2016

   Os entrevistados são na grande maioria do gênero feminino,5 (71,42%), com idades de 38 a 52 anos, tempo de formação médio de 10 anos. Gênero masculino, a idade varia entre 48 a 54 anos, com tempo de formação médio de 22,5 anos. Dentre o gênero masculino e feminino, 6 (85,71%) fizeram a graduação em instituição privada e 1 (14,28%) em instituição de ensino pública. 4(57,14%) possuem pós-graduação em nível de especialização 2(28,57%) têm de mestrado

4.1 -Ramo de atividades empreendidas

Tabela 02: Ramo de Atividade das Empresas. São Paulo, 2016.

   Os ramos de atividades mais empreendidos por Enfermeiros são 4 (57,14%) serviços, sendo âmbito Regional 2 (28,57%), Municipal e Nacional, ambos com 1 (14,28%), com quantidades que variam de 2 a 7 funcionários. Comércio tem abrangência Regional 1(14,28%) e Nacional 1 (14,28%), com a quantidades de 2 e 4 funcionários. O tipo de empresa não especificado por um dos sujeitos de pesquisa, tem abrangência Estadual com 14 funcionários

   Segundo estudo de Andrade; Ben; Sanna (2014) realizado durante o mês de janeiro de 2012 no site da Junta Comercial do Estado de São Paulo, com enfermeiros empreendedores registrados até 2011, foram encontradas 196 empresas, sendo que 70 são localizadas no município de São Paulo. Um ponto a se destacar é que grande parte das empresas estão localizadas no município de São Paulo. O estudo ainda aponta que no total, 110 empresas são registradas como atividade de enfermagem, 25 comércios varejista, ou seja, maior concentração em atividade de serviços e menor em comércio o que corrobora com os resultados obtidos na coleta de dado do presente estudo. A pesquisa citada ainda identificou 25 empresas em atividades de ensino em nível técnico, 16 empresas declararam outras atividades, sem relação com atividades de enfermagem, 7 atividades de treinamento, 5 prestações de serviços, 4 aluguéis de equipamentos, 2 comércios atacadista e 2 empresas de consultoria.

4.2 -Condições favoráveis e/ou desfavoráveis para empreender



Tabela 03: Condições favoráveis e/ou desfavoráveis para empreender. São Paulo, 2016


   Para os 7 sujeitos da pesquisa, entre os fatores considerados favoráveis para ser um empreendedor, 3 (42,85%) elegeram a “Capacidade de assumir riscos e ter iniciativa e assumir a responsabilidade pelos próprios atos”. Outros fatores variados foram apontados sendo, “Capacidade prospectiva para detectar oportunidades de negócios e tendências futuras”; “Motivação para realizar empreendimentos novos”; “Autoconfiança: estar seguro das próprias ideias e decisões” e “A Persistência”. Cada fator apresentando individualmente, ou seja, uma resposta/pesquisado o que perfaz a frequência igual a 1(14,28%) para cada fator relatado. Estes aspectos traçados como favoráveis para se empreender dizem respeito a qualidades do empreendedor. Colossi (2013), afirma que a qualidade de um bom empreendedor é a junção do conhecimento, habilidade e atitudes, contando com as mudanças atuais e tecnológicas em relação ao mundo, portanto, para um diferencial, tendem a oferecer segurança, confiabilidade e estabilidade para o cliente, favorecendo o crescimento de empresas inovadores e criativas

   Em relação às condições desfavoráveis para empreender, as respostas foram similares. 2 (28,57%) responderam que o " Custo alto de taxas e imposto”, são complicadores para a gestão de um negócio. Já outros 2 (28,57%) consideraram a “Falta de controles de custos e de gestão financeira”, isso por parte dos próprios empreendedores. 1 (14,28%) dos sujeitos da pesquisa considera que a “Falta de experiência empresarial anterior” compromete desfavoravelmente a gestão e 1 (14,28%) apontaram como desfavoráveis os “Fatores externos e burocracias” O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, SEBRAE (2016) alerta que nos últimos anos, a importância de apoiar as micro e pequenas empresas, especialmente aquelas que tem tecnologia como base se tornou ainda maior. Como observa-se no quadro 03, as dificuldades apontadas dizem respeito a competências e habilidades de gestão que os empreendedores devem ter, assim, são possíveis de serem adquiridas, entretanto requer aprendizado. Neste contexto o SEBRAE apresenta-se como apoiador do empreendedor no sentido de promover formação e capacitação no âmbito da gestão de negócios.

   Segundo Chiavenato (2012), é necessário aprender a aprender e pensar no capital humano e intelectual, os investimentos em aprendizagens devem ser feitos cuidadosamente e contínuo, pois ele que vai construindo sua experiência e o conhecimento necessário para garantir o desenvolvimento e o progresso de seu negócio.

 4.3 Dificuldades e/ou Facilidades para empreender



Tabela 04: Dificuldades e/ou facilidades para empreender. São Paulo, 2016.


   De acordo com o quadro acima, as dificuldades enfrentadas para uma pessoa que quer abrir uma empresa vão desde registros de aprovação do órgão responsável, burocracia relacionada à implantação e regularização da empresa e cobranças de taxas, até o negativismo da família, aceitação e entendimento do próprio negócio, divulgação e marketing do negócio, além das complicações referentes ao e lidar com o ser humano, o que pode ser entendido como as relações interpessoais que englobam sócios, clientes e empregados. Para iniciar-se uma empresa, é necessário preencher as quatro bases fundamentais antes de ser dada a largada, são elas, Equipe, Tipos de Produção, Finanças e o item que apareceu como uma das dificuldades para abrir o negócio, o Marketing.














   Para registrar uma empresa no Órgão responsável pela fiscalização profissional, que é o COREN, é necessário pagar uma taxa de R$337,60 sendo, R$299,00 para o registro e 38,65 para emissão do Certificado de Registro da Empresa. O valor da anuidade jurídica será de acordo com o valor do Capital Social. Mas, as cobranças não acabam por aí, Existe também impostos s cobrados conforme o ICMS no Estado ou ISS e IPTU no Município, fora os impostos da união, que podem representar um peso ainda mais significativos nas operações realizadas pela empresa, afetando a lucratividade e as perspectivas de crescimento. Como já citado, as cobranças dos impostos federais, estaduais e municípios afetam a lucratividade e as perspectivas de crescimento. Entretanto sobre o índice de cidades empreendedoras no Brasil, segundo Endeavor (2016), São Paulo tem mais de 11 milhões de habitantes e ficou em primeiro lugar entre as cidades mais Empreendedoras de 2016, com resultados consistentes em diferentes pilares, com custo relativo mais baixo em relação a outras capitais, assim sendo extremamente atraente para se iniciar uma empresa. Crises têm muitas consequências negativas para os empreendedores e para a população como um todo, mas sempre há o lado cheio do copo.


4.4 Estímulos para abrir uma empresa 

Tabela 05: Estímulos para abrir uma empresa. São Paulo, 2016.


   Para entender melhor o sucesso de um empreendedor, procuramos saber mais sobre quais eram esses estímulos para a abertura de uma empresa, assim de acordo com as respostas acima, percebe-se que os tais surgem a partir de transformar ideias em realidade para benefício próprio e para o benefício da sociedade e comunidade.   O estímulo é aquele que direciona o empreendedor com intensidade, persistência e esforço para alcançar determinada meta. Dentre esses fatores, existem os desejos pessoais que envolvem o ganho de dinheiro, a mudança de vida ou reconhecimento profissional; Fatores ambientais que analisam e identificam oportunidades de negócio inovadores de acordo com a necessidade social da comunidade; Fatores sociológicos que possibilitam ter um grupo de pessoas com características semelhantes empreendedoras ou influências da própria família (BAGGIO, 2014).

  4.5 Empreendedorismo na graduação 


Tabela 06: Influências da graduação para tornar-se empreendedor. São Paulo, 2016. 

   Em relação ao Ensino do Empreendedorismo na Graduação de Enfermagem ao responder sobre a existência de algum tipo de influência curricular durante a formação, 5(71,42%) referem que sim e que foram durante aulas de administração e empreendedorismo junto com a realização do primeiro negócio e com convivência com outros empreendedores.  2(28,57%) respondem que não existiu nenhum tipo de influência curricular para o empreendedorismo, mas quando questionados sobre como a Unidade Curricular da graduação poderia ter ajudado ou influenciado na decisão de empreender, as respostas foram diversas como as apresentadas no quadro acima, o que sugere que mesmo negando, houve alguma influência na graduação para o empreendedorismo.

    No estudo apresentado por   Sales; Cruvinel; Silva; Santos, (2008), (2%) dos alunos do 1º e 2º período, (85%) do 7º período e (94%) do 8º período cursaram a disciplina Empreendedorismo na Enfermagem, sendo que (98%) dos alunos do 1º e 2º período, (15%) do 7º período e (4%) do 8º período não tiveram em sua grade curricular a disciplina Empreendedorismo.
Couto Filho, (2014), apurou em sua pesquisa que 92,86% dos estudantes de Enfermagem, participantes da pesquisa, nunca fizeram curso de capacitação na área do empreendedorismo ou da educação empreendedora. Já 7,14 % dos participantes informaram que fizeram cursos de capacitação e todos esses apresentaram um nível alto ou muito alto de tendência empreendedora segundo o teste aplicado na pesquisa.

   Backes et al, (2012) afirmam que o docente precisa investir nas metodologias ativas e empreendedoras durante o processo de formação profissional.  Entendem que com uma postura sensível, atenta, acolhedora e ética, apresentando-se como pessoa de referência tanto nos saberes técnico-científicos quanto nos saberes relacionados à solidariedade, indicando que um profissional empreendedor procura, em condições menos favoráveis, fazer mudanças e provocar transformações.

   As funções inovadoras e de promoção de mudanças do empreendedor, servem para promover o desenvolvimento e crescimentos econômicos. Mas a cada ano, mais profissionais são lançados no mercado de trabalho, o problema de maior envergadura das Instituições de Ensino Superior está no grande percentual de bacharéis que elas formam e lançam no mercado, que se mostram em desarmonia com a realidade dos dias atuais nos quais sobressaem altos índices de desemprego (COUTO FILHO, 2014). Como citado na introdução do presente estudo os dados sobre o número de matrículas em cursos de Graduação em Enfermagem no Brasil indicam que o número quase dobrou em quatro anos, passando de 120.851 em 2004 a 224.330 em 2008. Mesmo assim, o mercado de trabalho em saúde ainda enfrenta problemas particulares e desequilíbrios em sua força de trabalho que afetam de forma diferente as regiões do Brasil

   De acordo com SMESP, (2015), o Estado de São Paulo concentra mais de 1,6 milhão de alunos matriculados (26,8% do total) em cursos presenciais em redes privada e pública em todas as áreas do conhecimento. A Enfermagem em São Paulo, na rede privada, está em 6° lugar entre os cursos mais procurados com o número total de matriculas de 193.420 anuais, o número de ingressantes é 69.895 e de concluintes é 27.144 (14%). Por estes dados, identificasse que 42.751 alunos não se formaram por algum motivo, mas em relação aos que concluíram a Graduação, a quantidade de vagas que está sendo disponibilizadas em São Paulo, ainda não chega nem a 1% da formação segundo o número de vagas de emprego oferecidos no ano de 2016, que fora pesquisado em três sites resultando e, 160 vaga (SINE), 397 (CATHO) e 169 (Info Jobs). Estes sites atuam com classificados online de vagas de emprego e cadastros de currículo, assim os recém formados que ingressão no mercado de trabalho são aqueles que tiveram uma formação mais qualificada e conseguem também passar de concurso público. Quanto à formação e inserção no cenário de atuação, o profissional tem demonstrado uma fragilidade no que se refere ao reconhecimento da contribuição da formação de sujeitos críticos-reflexivos e a inserção no mundo do  trabalho.

   De acordo com  Couto Filho (2014) uma instituição de ensino empreendedora é aquela que além de incluir em seu projeto pedagógico disciplinas ou cursos de empreendedorismo, adota um novo modelo educacional, tornando-se uma instituição empreendedora e por conseguinte tornando o ensino do empreendedorismo mais eficiente usando de sua própria metodologia, assim fundamentada no “aprender fazendo”, que utilize técnicas como oficinas, estudos de caso, dinâmicas diferenciadas ensinando ao aluno adulto a importância na prática sobre o assunto a ser estudado.

4.6 Enfermagem empreendedora para o futuro


Tabela 07: Expectativas para empresa nos próximos 5 anos. São Paulo, 2016

   Para ter solidez, aumentar lucros, atingir expansibilidade empresarial, as empresas utilizam recursos para atingir objetivos, sendo ele, o próprio lucro ou a prestação de algum serviço público, independente do lucro. Mas, os lucros insuficientes, juros elevados, perda de mercado, mercado consumidor restrito e nenhuma viabilidade futura, são as causas mais comuns de insucesso nos negócios (CHIAVENATO, 2012).  Para ter um bom lucro, uma empresa precisa passar por algumas etapas constantes, são essas: Perspectivas de inovação e aprendizado que assegura o treinamento e capacitação para forças de trabalho; Perspectivas dos processos internos, para melhoria de seus próprios processos e implantação de novas tecnologias; Perspectivas do cliente, que melhora e implanta novos sistemas de atendimento; Perspectiva financeira, para aumentar cada vez mais o desempenho financeiro. 




                                                           













   De acordo com Chiavenato (2102), Economia nacional e global em crescimento, ambiente político e econômico satisfatório, aumento da renda per capita da população, desenvolvimento econômico social, nova tecnologia revolucionária a ser usada, aumento das oportunidades de exportação, facilidades governamentais para novos negócios, redução de impostos, oferta de créditos e financiamentos oficiais, incentivo do governo à pequena e média empresa, aumento do poder aquisitivo da população e necessidade de produtos/serviços pelos mercado, estão descritos como oportunidades ambientais no SWOT, que é uma ferramenta utilizada para verificar forças e fraquezas empresariais. O que possibilita grandes perspectivas para o futuro de uma empresa





Figura 08: Expectativas futuras em relação a Enfermagem e ao Enfermeiro. São Paulo, 2016.


   Hospital ou Home-spital? Contextualização de um tipo de Hospitalização em casa? Este é um neologismo citado por Melanie Walker, médica e  co-presidente do Neurotechnology & Brain Science Future Council e Clinical Associate Professora de Neurologia e Cirurgia Neurológica da Universidade de Washington, professora adjunta no Johns Hopkins School of Medicine. Segundo a Dra. Walker, as perspctivas para 2030 são de que com a tecnologia irão existir menos necessidades hospitalares, as doenças cardiovasculares vão diminuir dado ao grande investimento na prevenção e a avançada e eficaz tecnologia de tratamento medicamentoso ou processual que irão tratar as obstruções vasculares como o AVC (Acidente Vascular Cerebal) e o IAM (Infarto Agudo do Miocárdio). Os traumas causados por acidentes principalmente automobilísticos também devem ser reduzidos em função dos carros autodirigidos, assim as demandas de saúde serão aquelas referentes às doenca crônica, e esses paciente não precisam tanto de um hopital especializado. Sob esta perspectiva, os hospitais tornam-se locais para “Pitstop”, ou seja, realização de procedimentos rápidos e simples. Alguns hospitais especializados irão desaparecer, pois os scanners vão ser tão maravilhosos no sentido de realização de diagnósticos que a biopsia não vai ser necessária. As doações de orgão vão ser obsoletas, por conta do avanço de tecnologia das impressoras 3D. Esta perspectiva para o futuro abre uma gama de possibilidades para aqueles que são criativos, inovadores e tecnológicos e um grande espaço empreendedor.

   De acordo com Ferreira et al (2013), os futuros enfermeiros precisam, além de uma formação com qualidade, estar atentos com o que acontece à sua volta, buscar novas oportunidades e ser capaz de aproveitar situações incomuns em sua prática e que possibilitem iniciar atividades diferenciadas. Além do desejo de buscar oportunidades não exploradas, e que denotam uma postura empreendedora ao agir com iniciativa e proatividade diante de situações com persistência na execução.

   Era do empreendedorismo?

   São empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riquezas para sociedade, propiciando um número cada vez maior de empreendimentos com base no incentivo de capacitações em escolas e universidades que está sendo prioridade em muitos países, inclusive no Brasil (DORNELAS, 2005).

   Percebe-se que as constantes mudanças do mundo do trabalho refletem não só no desenvolvimento da profissão do enfermeiro, como também em sua formação, assim visualizando o futuro como a oportunidade de identificar características para prever o instinto de empreender, para além dos limites institucionalizados e de características próprias do trabalho compreendendo a problemática local e com a necessidade de inserir-se ativamente em política públicas voltadas para as demandas sociais.

4.7 O que é inovação

   Entende-se que criatividade e inovação andem juntas, é tirar do nada, transformar, educar, gerar, inventar, produzir, cultivar, instituir e fundar, assim elas podem partir de todas as possibilidades existentes no que diz inovar, através de percepções e observações de diferentes necessidades do ser humano. Este conceito de criatividade corrobora as respostas obtidas na pesquisa:
 “Ter a capacidade transformar algo que já existe em uma nova oportunidade, novas propostas. Um novo olhar”.
“Inovar significa para mim enfermeira empreendedora fazer algo diferente do normal, do que já existe, pensando em um bem maior para o cuidar do ser humano”.
“Atualizar-se periodicamente e ofertar novidades ao meu cliente final em primeira mão”.
“Inovação é tudo aquilo que favorece perante a sociedade, e que não existe”.
“Tudo aquilo que existe mas que pode ser moldado para algo melhor”
“Ter a criatividade necessária, para a mudança”.
 “Fazer a diferença com algo novo”.

   O diferencial do profissional não está apenas em suas habilidades, currículo, formação ou experiência e sim no modo como se comporta, percebe o mundo, visualiza as oportunidades, relaciona-se e é capaz de inovar e o empreendedor não é diferente, é a pessoa que tem a ideia de um produto ou serviço e estabelece uma ação para que essa se torne uma oportunidade de negócio lucrativo, assumindo os riscos legais e financeiros. Assim, pode-se observar que o papel do Enfermeiro é, dentro do seu trabalho, procurar modificações constantes, pensar diferente do cotidiano, para simplificar métodos e procedimentos, melhorar sistemas, agilizar fluxos, reduzir burocracia, papelada, custos, controles mais eficientes,

   Ao se deparar com variadas opções de trabalho e especialidades tradicionais da área de saúde e do enfermeiro, o recém-formado, muitas vezes, encontra no mundo do trabalho a não aceitação daquele que acabou de se formar e para os recursos humanos das empresas a falta de experiência profissional prévia é limitação a ser desafiada. Mas, a qualidade profissional do recém-formado, é o reflexo de tudo que ele vivenciou e aprendeu durante sua graduação. Pode até ser que o espírito empreendedor já venha no pacote de objetivos pessoais do estudante promovido por experiências vividas fora da graduação, entretanto, os fundamentos para dar um “UP” em sua carreira e realmente ter pensamentos críticos, enxergando a inovação e tendo um nível de criatividade de acordo com a necessidades das pessoas/comunidade passam, necessariamente, pela estrutura e proposta curricular experimentadas durante a graduação.


5.0  CONSIDERAÇÕES FINAIS 

   Conclui-se que o ramo de atividades mais empreendidas por enfermeiros são serviços seguido de comércio de produtos. As condições que favorecem são: Capacidade de assumir riscos; ter iniciativa e assumir a responsabilidade pelos próprios atos; Outros fatores variados foram apontados sendo; Capacidade prospectiva para detectar oportunidades de negócios e tendências futuras; Motivação para realizar empreendimentos novos; Autoconfiança: estar seguro das próprias ideias e decisões e Persistência”. E as desfavoráveis são: Custo alto de taxas e imposto; Falta de controles de custos e de gestão financeira; Falta de experiência empresarial anterior; Fatores externos e burocracia.

   As dificuldades enfrentadas para uma pessoa que quer abrir uma empresa, a pesquisa demonstra que estas vão desde registros de aprovação do órgão responsável, burocracia relacionada à implantação e regularização da empresa e cobranças de taxas, até o negativismo da família, aceitação e entendimento do próprio negócio, divulgação e marketing, além das complicações referentes as relações interpessoais com sócios, clientes e empregados.  As facilidades foram referidas em menor frequência,  são elas: Ganhos de experiência e monetário, local definido para loja virtual; Disponibilidade para fazer algo que entende que é uma necessidade e uma vontade de ajudar as pessoas e Ajuda dos amigos.

   Para o sucesso de um empreendedor, os estímulos que existem desde a ideia até o processo para abrir uma empresa são: Oportunidades e inovação; Horário flexível; Ter um próprio negócio; Precariedade na Enfermagem; Individualidade, projeção, Reconhecimento e a própria atitude de gostar de cuidar do próximo. Mas como todo bom empreendedor, as expectativas devem ser bem objetivas e “rodam” em torno de aumentar os lucros e a expansão do negócio, percebe-se que os tais surgem a partir de transformar ideias em realidade para benefício próprio e para o benefício da sociedade e comunidade.

   Em relação às expectativas para o futuro da profissão, os entrevistados, vislumbram o reconhecimento da profissão e do profissional, a construção de novo perfil de profissional durante a graduação, existência de mais empreendedores à medida em que as vagas de emprego tradicional vão diminuindo, dificultando a inserção profissionalmente no mundo do trabalho.

   Apesar das condições desfavoráveis e dificuldades serem várias, o empreendedorismo é uma ação que garante colocação profissional, lucratividade e desenvolvimento da carreira, precisando ser ainda mais aprimorada e adotada pelo profissional de Enfermagem, o que entendemos que deva ser iniciado pela Estrutura curricular da graduação.

   Grande parte dos entrevistados referem que existiram grandes influências para que se tornassem empreendedores advindas das aulas de administração e empreendedorismo junto com a realização do primeiro negócio e com convivência com outros empreendedores, portanto entendem-se que a graduação se torna sim uma base fundamental para que o egresso torne-se um empreendedor.

   Florence Nightingale foi uma das maiores empreendedoras e a percursora da Enfermagem moderna, atuou inovando cuidados, gestão de serviços e formação profissional embasada nas ciências, logo estabelecendo um “DNA” na Enfermagem de profissão empreendedora. Entretanto, apesar de ter avançado muito em conhecimento e tecnologia, a Enfermagem ainda precisa de muitos empreendedores extra organizacionais, interferindo na economia, criando vagas de emprego e diversificando a oferta de produtos e serviços. Porém, nos parece que o enfermeiro ainda está preocupado em ser aquele enfermeiro “Padrão”, que quando se forma quer ir para os empregos formais tradicionais, deixando muitas vezes de lado a atitude empreendedora orientada para necessidades do mercado ou da sociedade. Claro que mesmo sendo um enfermeiro em relação de trabalho tradicional, não deixa de ser um empreendedor no âmbito intra organizacional, inovando, criando e implementando novos processos, mas pode-se dizer que este profissional ainda está tímido quando se trata de empreender negócios e constituir empresas.

   Entendemos por fim, que exista a necessidade da oferta de cursos específicos para enfermeiros e direcionados à formação e capacitação gestora de empresas, relacionamentos interpessoais, liderança, gestão financeira e uma atitude empreendedora. Por outro lado, deverá existir, por parte do profissional, a iniciativa de mudança, enxergando novas necessidades das pessoas e do mundo e as mudanças das relações de trabalho, de modo que ele exerça a pro atividade em relação a sua carreira, abrindo as portas para essa nova realidade do mundo do trabalho.


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